História de Telêmaco Borba

Introdução

As primeiras referências históricas desta região datam do final dos anos 1700, quando José Félix da Silva e Antônio Machado Ribeiro ocuparam grandes extensões de terras, a maioria cortada pelo Rio tibagi.
A história de Telêmaco Borba se confunde com a do município de Tibagi, pela presença de garimpeiros e dos campos de invernagem para as tropas.
A cidade nasceu da fazenda Monte Alegre, fazia parte da fazenda: Harmonia, Lagoa, Mirandinha, Imbaú, Mina de Carvão, Antas, Triângulo, Cirol, Barro Preto, Mandaçaia e Cidade Nova.
Para a escolha do nome do município diversos nomes foram cogitados entre eles: Papelândia, Klabinópolis e Monte Alegre do Paraná. Contudo, o nome dado ao município foi Telêmaco Borba, através da ação articulada de Guataçara Borba Carneiro então presidente da Assembléia Legislativa do estado e neto de Telêmaco Borba. Que teceu homenagem ao autodidata, indianista, desbravador, colonizador, colecionador, etnógrafo, geólago, geógrafo, paleontólogo, letrista, escritor e historiador, militar federalista e exilado político, ex-deputado e ex-prefeito de Tibagi, coronel federalista e maragato Telêmaco Augusto Enéas Morosini Borba (Vila da Borda do Campo, Curitiba, 15 de setembro de 1840 — Tibagi, 23 de novembro de 1918).
História

Em 19 de abril, a Klabin comemora seu Aniversário, mais de 100 anos de História.
Nos sertões inóspidos do Paraná contruíram ao longo dos últimos 69 anos a maior fábrica de papel da América Latina. Ali, na Fazenda Monte Alegre do Tibagi, atual munícipio de Telêmaco Borba, o mundo se reuniu e de mãos dadas, judeus, católicos, protestantes, muçulmanos, ortodoxos, umbadistas, agnósticos de etnias tão diferentes como os polacos, lituanos, ucranianos, suecos, finlandeses, austríacos, alemães, russos, turcos, portugueses e os mineiros, paulistas, baianos, gaúchos, catarineses, paranaenses, africanos e índios tiveram no trabalho e na Harmonia a principal razão de suas existências.


Sócios fundadores de Klabin Irmãos & Companhia - 1911.

Como filho de uma colônia multinacional, descobri muito recentemente que a colônia polaca de Monte Alegre era muito maior do que muitas tradicionais do Sul do Brasil. Porque diferente de todas as outras, Monte Alegre foi criação dos irmãos lituanos-judeus Klabin e Lafer e não de iniciativas nacionais, estaduais ou municipais.
Portanto, também posso dizer que sou filho de uma colônia polaca brasileira e por isso aqui está a história dos Klabin, dos Lafer e da Monte Alegre do Tibagi.


Avenida Brasil, em Harmonia, na atualidade

Os irmãos lituanos


Maurice Freemann Klabin, quando jovem. Retrato de 1888, Londres

Cinco irmãos Klabin tinham vindo para São Paulo, procedentes da Lituânia (ainda União das Repúblicas Polônia e Lituânia, ocupada pela Rússia desde 1795) entre 1880 e 1885: Maurice, Salomon, Hessel, Ludwig e Nessel, filhos de Leon e Sara.
Estabeleceram-se na capital paulista, onde até 1889, atuaram no comércio com a firma M.F. Klabin e Irmão. O escritório ficava na Rua São João, nr. 23. Ainda nesse ano, em fevereiro, três irmãos Maurice, Salomon e Hessel e um cunhado Michal Lafer (casado com Nessel) constituíram em substituição à primeira firma, outra com o nome de “Klabin, Irmão e Cia”, a KIC, que era uma Sociedade Mercantil para exploração do mesmo ramo de negócios, ou seja, papéis, livros, objetos para escritório e outros artigos. O capital inicial era de 80 contos de réis, sendo que o sócio Maurice entrava com o dinheiro e os outros com mercadoria. Ao final do contrato social, redigido e assinado pelos quatro sócios estava escrito “a sociedade durará pelo tempo de três anos, a contar da data do presente contrato”. (Na foto pequena Bertha e Maurice F. Klabin)


A vista áerea de Harmonia, que o presidente Getúlio Vargas
viu da janela do avião em janeiro de 1944.

A KIC estava destinada a ultrapassar um século a mais do que os três anos previstos. Comercializando com papel, em 1906, os irmãos resolveram fabricar o próprio produto que vendiam. A KIC arrendou uma máquina de uma companhia que funcionava, desde 1890, em Itú, interior do Estado. Nas duas primeiras décadas do século 20, a expansão dos negócios do grupo Klabin ocorreu apenas no Estado de São Paulo.


Horácio Lafer e o presidente Getúlio Vargas, a usina do salto Mauá, no rio Tibagi, em 1954

Em 1909, no restaurante “Progredior”, na rua XV de Novembro, da capital paulista, os sócios se reuniram numa sala reservada para fundar a “Companhia Fabricadora de Papel”, que começou a funcionar em 1911 e cuja diretoria se constituiu por Maurice F. Klabin, Hessel Klabin, Salomon Klabin, Michal Lafer e José Zucci. Em 1923, o pioneiro Maurice faleceu e pouco mais tarde Michal Lafer. À frente dos negócios ficaram Salomon e Hessel.


A igreja de madeira, na av. Brasil de Harmonia,
 onde meus pais se casaram e eu fui batizado

Em 1932, a KIC expandiu-se para o Rio de Janeiro. Os irmãos Salomon e Hessel, acompanhados por Boris Abraanson, foram ao Rio de Janeiro de carro para se encontrar com Wolf Klabin. Este era, nessa época, gerente da filial da KIC no Rio de Janeiro. Wolf os levou para visitar um velha fábrica de louças de mesa e isoladores. Os Klabin resolviam assim entrar no ramo da cerâmica, comprando a “Manufatura Nacional de Porcelana", que em pouco tempo se transformou na maior produtora de azulejos da América Latina. Possuía três mil operários e fabricava 6,5 milhões de metros quadrados de azulejos por ano, tornando assim, o Brasil autossuficiente e independente das importações, basicamente da Alemanha.

Rua Beta na Harmonia dos anos 50

Nessa época dois nomes da nova geração, já nascidos no Brasil, passaram a opinar nos destinos do grupo e foram responsáveis pela diversificação da empresa. Eram eles, Wolf Klabin e Horácio Lafer.
Era então, interventor do Paraná, o sr. Manoel Ribas, que ofereceu à KIC umas terras nos sertões da região central do Paraná. Era uma fazenda existente desde 1727, quando José Felix da Silva recebeu em sesmaria nas margens do Rio Tibagi. Manoel Ribas, gaúcho e amigo de Getúlio Vargas tinha conhecido Wolf Klabin, no Rio Grande do Sul, numas das andanças do paulista pelo Brasil.


Aracy Rosa, esposa do escritor e cônsul Guimarães Rosa salvou centenas de judeus em Hamburgo, fornecendo vistos para emigrarem para o Brasil, fugindo do nazismo. Acima, telegrama enviado pelo cientista Albert Einstein, em 1949, pedindo apoio de Wolf Klabin para um emissário de Israel.

A fazenda do Brasil colonial

A fazenda Monte Alegre do Tibagi, tinha sido palco de algumas tragédias, como a do próprio José Felix, que se casando em 1781 com a jovem Onistarda, teve os dedos da mão esquerda decepadas e cortados três dedos da mão direita e para sempre ficou coxo de uma perna. José Félix tinha sido vítima de um atentado engendrado pela esposa, que o odiava terrivelmente. A mulher foi sentenciada como criminosa, em processo criminal que aconteceu na cidade de Castro. Em 1808, contudo, foi lavrada uma escritura de “perdão”, a pedido do marido.
Amargo e infeliz, o fazendeiro era, contudo, um homem ativo. Em Castro atuou como juiz ordinário, juiz de conselho, ajudante de milícias e capitão de ordenanças em Piraí e Furnas. Por volta de 1796, um amigo de José Félix foi visitá-lo na Fazenda Fortaleza, 17 km do povoado de Tibagi. Brígido Álvares recusou escolta do amigo fazendeiro para voltar a Castro. No dia seguinte, com uma flecha em cada olho, sua cabeça foi espetada num dos portões da Fazenda de José Félix. Em represália, o fazendeiro ordenou a seu capataz, Antonio Machado Ribeiro que fosse a busca dos índios caingangues, que sempre habitaram aquelas terras imemoriais. Uma carta do século 18, cita o ocorrido como a “Chacina do Tibagi”. A matança generalizada dos índios ocorreu nas margens do mesmo Rio Tibagi, uns 50 km mais ao Norte. Aquela colina ficaria conhecida nos séculos seguintes como "Mortandade”, até que a Sra. Luba Klabin mudasse o nome do local, em 1941. Ali foram construídos um hospital e um hotel, muito próximos de onde hoje se encontra a maior fabricante de papel da América Latina e uma das 7 maiores do mundo: a Klabin do Paraná. Desde então, a sede da Fazenda Monte Alegre do Tibagi, deixou de ser a Fazenda Velha de José Félix da Silva para se transformar na Harmonia.


Construção da ponte sobre o rio Tibagi ligando Harmonia a Cidade Nova

Pois foi esta fazenda que os Irmãos Klabin compraram do Banco do Estado do Paraná, já que os herdeiros de José Félix da Silva ao se associaram com um francês para criar a empresa “Companhia Agrícola e Florestal e Estrada de Ferro Monte Alegre” perderam aquelas terras na falência da empresa. A massa falida foi a leilão em 1933 e foi assim que o Banco do Estado do Paraná a arrematou por 4 mil contos de réis.
Em 1934, a Klabin do Paraná comprou a Fazenda Monte Alegre do Tibagi por 7.500 contos de réis. A empresa dos herdeiros de José Félix tinham construído 42 km de estrada até o rocio da pequena Tibagi, uma ligação telefônica entre a Fazenda e Tibagi, um casarão de madeira e alguns galpões rústicos. Das novas gerações da família, Samuel Klabin foi o primeiro a visitar aqueles sertões. Samuel depois de freqüentar o Colégio Mackenzie e a Escola de Altenburg aperfeiçoou seus estudos na Finlândia e Alemanha. Regressou ao Brasil aos 22 anos para trabalhar com fabricação de papel e foi logo incumbido por seu pai Salomon de conhecer as terras do Paraná. Num Ford 1929 e acompanhado por Reinaldo Bronnert viajou até Curitiba e dali até Tibagi, passando por Ponta Grossa e Castro. Encontrou na pequena cidade, as tradicionais famílias dos Bittencourt, Mercer, Borba, Carneiro, Guimarães que viviam do garimpo do diamante nas corredeiras do rio turbulento e sinuoso dos Campos Gerais há décadas. Como a fazenda ainda ficasse a 50 km foram aconselhados a pernoitar na antiga cidade. Morava ainda na cidade, o geólogo da empresa falida, Reinhardt Maack, que mostrou naquela mesma noite, filmes sobre Monte Alegre. Garimpavam no rio naquela época cerca de 5 mil homens, a maioria contratados das tradicionais famílias locais e muitos aventureiros. Samuel tomou nota de tudo o que viu. Voltou a São Paulo e contou tudo para a família.


Choupanas de troncos dos primeiros engenheiros florestais

Klabin ministro

Wolf Klabin junto com o primo Horácio Lafer (ministro das relações exteriores de Juscelino Kubitschek) assinou no tabelionato de Américo Alves Guimarães, em Curitiba, a escritura de promessa de compra e venda da Fazenda Monte Alegre, adquirida do Banco do Estado do Paraná, em 29 de outubro de 1934. Eram 143.516 hectares de terras. Dias antes, num outro cartório, este em São Paulo, era registrada a fundação das “Indústrias Klabin do Paraná”. Constituída por nove sócios, Salomon Klabin, Hessel Klabin, Jacob Klabin Lafer, Wolf K. Klabin, Eva Cecília Klabin Rapaport, Ema Gordon Klabin, Mina Klabin e Abraão Jacob Lafer, a empresa foi registrada no 11º. Tabelião, na Junta Comercial e publicada no Diário Oficial de São Paulo, nr. 234, nas páginas 31 e 32.  Wolf Klabin morreu em março de 1957 e teve seu nome perpetuado no Colégio Estadual Wolf Klabin de Telêmaco Borba. Os Horácios, Klabin e Lafer são nomes de avenida na mesma cidade (Na foto, o Horácio Lafer quando era ministro das relações exteriores). Horácio Lafer nasceu em São Paulo em 3 de maio de 1900 e morreu em Paris, em 29 de junho de 1965. Diplomata, político e empresário durante o governo Washington Luís foi o representante do Brasil na Liga das Nações e em 1934 foi eleito deputado federal. Em 1951, durante o último governo de Getúlio Vargas, foi ministro da Fazenda e já em 1959, no governo de Juscelino Kubitschek, foi ministro das Relações Exteriores. É tio de Celso Lafer. Ao lado de seus primos, os Klabin, foi diretor e co-fundador da Klabin Papel e Celulose.
A primeira diretoria foi composta por Salomon Klabin, presidente; Hessel Klabin, vice-presidente; e Jacob Klabin Lafer, secretário. O Conselho fiscal foi composto por Harry Levine, Lazar Kadischewitz, Abraão Jacob Lafer e os suplentes, Francisco Taranto, Augusto Rodrigues da Silva e Horácio Gordon.
Em 1937, aparece um novo nome na diretoria da Klabin do Paraná. Era o jovem Samuel Klabin, o mesmo que havia visitado Monte Alegre em 1933. Seu cargo: tesoureiro. Em 1940, ele parte para os Estados Unidos junto com o técnico Ernest Froelish. Foram encomendar projetos e comprar máquinas destinadas ao grande empreendimento daquele família chegada no Brasil no final do século 19, a Fábrica de Papel de Monte Alegre do Tibagi.


Em 1963, famílias inteiras foram desalojadas das áreas de reflorestamento
devido ao grande incêndio que quase destruiu por completo o empreendimento.

Em 9 de setembro de 1941, uma ata de assembleia da diretoria, relata dados do empreendimento nos sertões do Paraná. Com o capital inicial quadruplicado, a denominação da empresa passa a ser, “Indústrias Klabin do Paraná de Celulose S.A. – IKPC". Tem agora novos sócios e a nova diretoria passa a ser composta por: presidente, Salomon Klabin, 1º. Vice-presidente, Olavo Egídio de Souza Aranha, 2º vice-presidente, Hessel Klabin, 3º vice-presidente, Wolf Klabin, diretor-tesoureiro Jacob Klabin Lafer, diretor-secretário, Samuel Klabin.


Wolf Klabin e Getúlio Vargas, no aeroporto de Monte Aegre, em 1954


O nome na diretoria de origem portuguesa Olavo Egídio de Sousa Aranha era um campineiro político, advogado, fazendeiro e banqueiro. Formado na Faculdade de Direito do Recife, foi vereador em São Paulo, deputado estadual, deputado federal, Secretário de Fazenda do Estado de São Paulo e Secretário de Agricultura do Estado de São Paulo. Como banqueiro foi diretor do Banco de Crédito Hipotecário e Agrícola do Estado de São Paulo e membro da diretoria das Indústrias Klabin. O outro Souza Aranha, Osvaldo Euclides de Souza Aranha, embora não tivesse parentesco com o vice-presidente Olavo Egídio, foi muito ligado aos Klabin e Lafer, por suas relações no governo Getúlio Vargas. Osvaldo que ocupou vários ministérios nos quinze anos da era Vargas foi também ministro das relações exteriores do Brasil. Na Conferência do Rio, em janeiro do 1942, presidida por Osvaldo Aranha, o Brasil, e todos os países americanos decidem por romper as relações com os países do Eixo menos Argentina e Chile, que o fariam posteriormente. A decisão foi uma vitórias das convicções pan-americanas de Aranha. Em 1944, Aranha se demite do cargo de chanceler, após ser enfraquecido dentro do governo e pelo fechamento da Sociedade dos Amigos da América, do qual era vice-presidente. Para muitos observadores da época, Aranha era o candidato natural nas eleições de 1945, mas a parca base política e a fidelidade a Vargas o impediram de disputar as eleições. Voltou a cena política em 1947, como chefe da delegação brasileira na recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU). Presidiu a II Assembléia Geral da ONU que votou pela partilha da Palestina, fato que rendeu a Aranha eternas gratidões dos judeus e sionistas por sua atuação. Devido a sua presidência naquele momento é que o Brasil todos os anos abre os trabalhos anuais da organização mundial, geralmente com uma palestra do presidente da República Federativa do Brasil.

A fábrica nas margens do Tibagi


Panorama da Fábrica após a última ampliação


A fábrica, apesar da segunda guerra mundial começou a ser erguida nas margens do Rio Tibagi, na antiga colina chamada de Mortandade, mas logo em seguida, denominada Harmonia, pois aquele empreendimento de vulto não poderia estar assentado numa terra com um nome de triste memória.
Para que as obras não se detivessem, os Klabin contraíram empréstimo do Banco do Brasil. Em razão disto, o presidente Getúlio Vargas ordenou que a construção da fábrica e a criação da área de reflorestamento fosse administrada por um homem de sua confiança. Assim o engenheiro Luiz Augusto da Silva Viera, do Ministério da Agricultura e famoso no Serviço Público foi morar em Monte Alegre para supervisionar as obras na construção da Usina hidroelétrica de Mauá, na represa de água de Harmonia e a organização da vida comunitária.


Bonde aéreo inaugurado, em 1959, sobre o rio Tibagi

A legião estrangeira

Veio gente de todo lugar. Dos municípios vizinhos aos técnicos fugidos da segunda guerra mundial. Reuniu-se naquele sertão pessoas tão diferentes e tão iguais como suíço J.B. Boesh, o engenheiro polaco Ignácio Sporn, o finlandês Irjo Virta, o português Artur Carvalho, o austríaco Karl Zappert, os polaco Albert Ehlert e Leon Sisla, o austríaco Francisco Riederer, os húngaros Geza Vayda e Bella Thuroniy, o sueco Leo Wikstroem, o finlandês Irjo Salo, o polaco Jan Borkoski, o turco Dara Sekban, o belga Cláudio Lobl, o iugoslavo Peter Lemr, o austríaco Alfred Leon, o polaco Franz Kraczberg (atualmente famoso mundialmente por suas esculturas de árvores retorcidas), as irmãs polacas Leokadja e Tocsia Zaremska, o alemão Johan Rodelheimer, Wilem Willer e Johnny Schwartz, o austríaco Max Staudacher, os tchecos Vladzyslav Rys, Overbeck, Jiri Aron, Stanislav Jesek, o ucraniano Wlodomir Galat, o russo Isaak Kissim e os engenheiros florestais polacos comandados por Zygmunt Wielicka como Stanislaw Kocinski, Maurice Golebiowski, Czuprowski, Sluzanowski, Sladkoski, Kaszkurewicz, Rodolf Kohout e Wiska.

A moderna Rodovia do Papel substituiu as antigas estradas de macadame da Fazenda

Um outro Klabin que marcaria seu nome para sempre naquelas terras foi Horácio Klabin, fundador do jornal "O Tibagi" e da Rádio Sociedade Monte Alegre. Entusiasta do esporte fez do CAMA uma das maiores equipes de futebol que o Paraná já viu jogar. Em sua origem o clube se chamava Klabin Esporte CLube. Com o desenvolvimento da indústria e com a proposta de divulgar o nome de Monte Alegre, foi então quem em 1° de maio de 1946, o CAMA surgia para no futuro obter uma das mais importantes conquistas de sua história. Mesmo já fundado, a equipe continuou utilizando o nome de Klabin EC por algum tempo.O grande Coritiba Futebol Clube da capital, viu sua sequência de títulos ser quebrada com o aparecimento daquela esquadra chamada de "pantera negra" na década de 50. E foram duas vezes, uma em 1955, com o título da primeira equipe do interior do Estado e em 1958, quando o Atlético Paranaense foi campeão com a maioria dos jogadores do CAMA de 55, além do técnico Motorzinho e do artilheiro Taíco. Horácio pessoalmente trouxe para o sertão paranaense jogadores do Corinthias, do Flamengo, como Bolivar, Pequeno, Taíco e outros.O estádio de Harmonia recebeu a denominação de “Estádio Dr. Horácio Klabin”, inaugurado em 10 de abril de 1949, numa partida entre o Clube Atlético Paranaense e o Corinthians Paulista, a partida encerrou empatada em 3 a 3. A campanha vitoriosa de 1955 com 28 partidas, teve o CAMA como vencedor em 18 jogos, tendo empatado 4 e sofrido 6 derrotas. O técnico Rui Santos, conhecido por “Motorzinho”, montou com a ajuda de Horácio Klabin “uma máquina de jogar futebol”.


Equipe do CAMA- Clube Atlético Monte Alegre de 1949

O CAMA foi o vencedor dos dois primeiros turnos e decidiu com o Clube Atlético Ferroviário, vencedor do terceiro turno, numa melhor de três. O primeiro duelo aconteceu no estádio Durival de Brito, em 08/04/1956, jogo que terminou em 2 a 2. O segundo confronto foi em casa, no dia 15/04/1956, onde o Pantera Negra suplantou o adversário inapelavelmente por 3 a 1. A terceira e decisiva partida aconteceu no dia 22/04/1956, no estádio Joaquim Américo, onde o CAMA venceu pelo placar de 1 a 0, gol de Nelson. Artilharia Pesada no ano da conquista - César Frízio e Ocimar anotaram cada um 15 gols; Taíco 14; Nelson 10; Nestor 7; Isaac e Torres 4; Aloísio 2 e Rubens, Juths e César Veiga, cada um, assinalou 1 gol. A equipe campeã, a primeira do interior do estado era formada pelos seguintes jogadores: Bolívar, Aurélio, Juths, Pequeno, Juninho, Augusto, Isaac, César veiga, Nestor, César Frízio, Taíco, Ocimar, Nelson, Orlando, Aloísio, Torres, Rubens, Osvaldo, Lúcio e Amaro.


Vista aérea atual com a cidade de Telêmaco Borba, o rio Tibagi e a Fábrica de Papel

Outro nome importante na história recente do Brasil está ligado a Monte Alegre. É ele Celso Lafer, ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e ex-ministro das Relações Exteriores, em duas ocasiões, em 1992 e de 2001 a 2002, nos governos de Fernando Collor e no de Fernando Henrique Cardoso, além de embaixador do Brasil junto à OMC, embaixador do Brasil junto à Organização das Nações Unidas (ONU) de 1995 a 1998.  Celso é filho de A. Jacob Lafer, que ainda estudante na década de 50 passava suas férias em Monte Alegre. Fazia pique-niques no Salto Aparado e na Praia da Lontra Mansa com a turma de jovens montealegrenses como Marianne Zappert, Maria Emilia Steiger, Zelma Tavares, Nucha Snutianoski, Wanda Tobich. Celso por esta época gostava de ler e discutia com seus amigos de Monte Alegre sobre literatura, política e filosofia. Nos meses de dezembro costuma se divertir na barragem do Harmonia Clube. Celso ora se hospedava na casa da diretoria (quando vinha com seus pais), ora na casa de João Teixeira de Mendonça. Celso foi o representante da quarta geração dos clãs que mais frequenta Monte Alegre. Esteve presente na inauguração da máquina seis.
Atualmente Celso Lafer é coordenador da área de Concentração de Direitos Humanos da Faculdade de Direito da USP, presidente do Conselho Deliberativo do Museu Lasar Segall e co-editor da revista Política Externa. Integra também o Conselho de Administração de Klabin e desde 2002 é membro da Corte Permanente de Arbitragem Internacional de Haia.

Meus avós

O engenheiro polaco Zigmunt Wielicka, o "gralha azul"
plantou 100 milhões de pés de araucária (pinheiro do Paraná) em Monte Alegre

Junto aos estrangeiros, muitos outros também com sobrenomes difíceis de pronunciar e escrever vieram em busca do paraíso verde do trabalho, como os brasileiros descendentes de polacos, como Iarochinski, ucranianos, como os Dwolatka, alemães, italianos como Swieski, Tobich, Styber, Massoquete, Jantas, Roda, Gotardelo, além dos sobrenomes portugueses de Péricles Pacheco da Silva, João de Paula Pinto, Dimas Cardoso, Benedito Dutra, Euclides Marcola, Paulo Rios Fernandes, Joaquim Batista Ribeiro, David Natel, Alexandre Kassab, Lourival Elias, Francisco Tito Quadrado, René Pucci, Teodoro Castro Ribas, Jorge Mesquita de Oliveira, Adolfo Taques, Nemézio Boska, Aldo Sani e tantos outros...


Colegas e caminhões do setor de transportes,
quando da construção da fábrica em 1941

fizeram a história de Monte Alegre do Tibagi, infelizmente denominada Telêmaco Borba, quando de sua emancipação política, em 1963, da bicentenária Tibagi. O nome dado para o novo município foi uma imposição dos descendentes deste curitibano, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Tibagi, moradores de Tibagi e Curitiba, inclusive um ex-governador.
Telêmaco Augusto Morosines Borba, alguém que nada fez por Monte Alegre do Tibagi, por Harmonia, por Mandaçaia, por Barro Preto, por Mauá, por Lagoa, por Miranda, por Mirandinha, por Imbaú, por Mina de Carvão teve seu nome perpetuado numa criação que é toda dos Klabin e os estrangeiros e brasileiros de todos os rincões do mundo. Um dos descendentes de Telêmaco Borba, o historiador castrense Oney Barbosa Borba conta em seu livro "Telêmaco Mandava Matar", que o seu ancestral famoso teria sido o mandante do assassinato do então prefeito de Tibagi, Coronel Espírito Santo. Os verdadeiros assassinos seriam seu filho Euzébio Borba e o negro Jocelim. Na tentativa de encobrir o crime, muitas outras pessoas foram mortas, inclusive o neto do coronel de nome Aparício Borba que bebeu o café de uma xícara envenenada que estaria destinada ao escrivão José Rachael Pinto, um dos participantes do julgamento, que embora compadre de Telêmaco contava para todos que aquilo tudo tinha sido uma farsa para encobrir o mandante. Telêmaco que era então presidente da Câmara de vereadores com a morte do prefeito e seu adversário político assumiu a prefeitura e sem oponentes ganhou as eleições seguintes.


Cassemiro Iarochinski, Funcionário da divisão
de transportes da Klabin do Paraná, em 1958.

Mudar o nome do município?

Quando as famílias Klabin e Lafer comemoram 110 anos de fundação da empresa familiar nada mais justo seria que o município passasse finalmente a se chamar Monte Alegre do Tibagi, Monte Alegre do Paraná, Harmonia, Klabinlândia, Klabinburgo, Klabinópolis, WollfLândia, ou outra qualquer denominação que faça jus a história do lugar, ou aos que transformaram um sertão numa das maiores indústrias de papel e maior parque de reflorestamento particular do mundo.


Entrada principal da cidade de Telêmaco Borba

Também diga-se apenas única e exclusivamente para fins históricos, vale dizer que uma lei inconsequente dos vereadores do munícipio (na época), ao mudar o nome da praça Jiri Aron, na confluência das avenida Paraná e Samuel Klabin, para praça da Bíblia fosse revogada, não só porque é inconstitucional (lei Federal impede que se troque denominação de logradouros públicos que já possuam nomes de pessoas para outros quaisquer), mas porque fere a memória do judeu Aron, que durante a década de 1955 a 1966 foi responsável pelo período de maior redimento econômico da IKPC, desde sua fundação.

* texto extraído em parte do livro "Monte Alegre cidade-papel" da jornalista Hellê Velloso Fernandes, publicado em 1974, em Curitiba. Fotos antigas cedidas por Lúcia Swieski, álbum de família Iarochinski e acervo iconográfico "pioneiros" da USP.

 Barragem Harmonia Bonde Cidade Nova Fábrica Hidrelétrica Mauá Hospital Ponte Samuel Klabin


Retornando para1941, o então Presidente Getúlio Vargas, queria um estado muito dependente de importações. A II Guerra Mundial alvoroçava o mundo e a compra de produtos estrangeiros estava tornando-se escassa e cara. Notou-se então que o país deveria ser auto-suficiente na produção de diversos itens, dentre eles, o papel.
A fabricação de papel ficou ao encargo de industriais que instituiriam as Indústrias Klabin do Paraná Papel e Celulose S/A. O risco de implantação era grande visto que o projeto de construção era para o sertão do Paraná, onde não haviam casas, e nenhum quilômetro de estradas de rodagem, entretanto, havia uma vantagem, a existência de grande volume de matéria-prima para a fabricação de papel.
O primeiro núcleo operacional, com a função de criar a infra-estrutura da fábrica de papel, fixou local na região central da Fazenda Monte Alegre e recebeu a denominação de Lagoa. As primeiras atividades realizadas foram obras macadamizadas, que possibilitaram, entre outros objetivos, a construção de uma usina hidrelétrica que forneceria energia às vilas e à fábrica. Essa hidrelétrica recebeu o nome de "Mauá". Além da construção da usina houve a necessidade também da construção de um aeroporto, com pista de 950m, na época um dos maiores do Paraná, contava com um serviço aéreo regular entre São Paulo, Monte Alegre, Curitiba e vice-versa, pelos serviços aéreos Cruzeiro do Sul.
A construção da unidade de fabricação de papel situava-se a 13 km da Lagoa, as margens do Rio Tibagi e Harmonia. Logo em seguida foi construída uma barragem no rio Harmonia com capacidade de 5.000.000 m³ de água limpa, garantindo o abastecimento de água na indústria.
Como conseqüência de todo este empreendimento, houve uma verdadeira expedição ao interior do Paraná.
Em 1947, chegou a Monte Alegre como diretor administrativo das IKPC, Horácio Klabin, que determinou a alteração do mapa do Estado do Paraná, na região Sul do Brasil, construindo uma nova cidade, pois já existiam vários núcleos habitacionais na fazenda de Monte Alegre e para a Indústria era muito oneroso manter todo este pessoal dentro da fazenda que também já não atendia a demanda por mais habitações. Observou-se ainda, que começaram surgir moradias clandestinas do outro lado do rio. Iniciou-se então, do lado oposto à fábrica com relação ao rio Tibagi o loteamento de 300 alqueires de terra, esse loteamento chamou-se "Mandaçaia" e mais tarde foi batizado com "Cidade Nova".
Foi obra também de Horácio Klabin a construção do Bonde Aéreo que daria meio de transporte fácil e barato aqueles que trabalhavam na fábrica.
Entre os anos de 1960 até 1964, ocorreram discussões a favor da emancipação da Cidade Nova de seu município de origem, Tibagi. Mas, somente em 21 de março de 1964 o procedimento foi sancionado pelo então governador Ney Aminthas de Barros Braga. Essa lei deu origem então ao município de Telêmaco Borba, tendo como prefeito Péricles Pacheco da Silva.
Para a escolha do nome do município diversos nomes foram cogitados entre eles: Papelândia, Klabinópolis e Monte Alegre do Paraná. Contudo, o nome dado ao município foi Telêmaco Borba, através da ação articulada de Guataçara Borba Carneiro então presidente da Assembléia Legislativa do estado e neto de Telêmaco Borba. Que teceu homenagem ao indianista, etnógrafo, geógrafo, paleontólogo, letrista, escritor e historiador, militar federalista e exilado político, ex-presidente da Província do Paraná, ex-deputado e ex-prefeito de Tibagi, coronel Federalista e Maragato - Telêmaco Augusto Enéas Morasini Borba.










Indústria Klabin (imagem antiga)









Indústria Klabin (foto atual)

OS SÍMBOLOS MUNICIPAIS
Seguido o exemplo das entidades públicas, o Município de Telêmaco Borba possui símbolos que lhe dão a caracterização legal, cívica e moral, retratando suas particulaidades. Ossímbolos municipais são: Bandeira, Brasão e Hino municipal.
A Bandeira do município compõe-se de um "retângulo medindo 14 módulos de altura por 20 módulos de comprimento, terciadas em palas de igual largura, sendo o vermelho o pano de fundo ou pala destra de azul e sinistra; a pala central é de cor branca, carregada em abismo do Brasão de Armas e que terá altura proporcional à largura desta pala".





O Brasão municipal, cujo projeto de lei remonta à primeira legislatura, em 1964 teve encainhamento pelo chefe do poder executivo _ à época, Péricles Pacheco da Silva _ para a Câmara Municipal, a fim de que fosse aprovado o modelo do escudo oficial de Telêmaco Borb. Contudo, foi a 4ª legislatura,em 1981, que aprovou em definitivo o Brasão dentro dos padrões da herálica, estabelecendo os regulamentos para seu uso.
Assim, o Brasão de SArmas ficou oficializado e desta forma se descreve:
"Escudo português redondo banado de ouro filetado de prata, carregado de conco árvores de pinho estilizadas de sua cor, postas em banda, e todo entre escudete de prata carregado de três Pinheiros do Paraná, (araucária angustifólia ou brasiliense), de sua cor postos em faixa sendo, de maior e do centro, apoiado em pontas sobre secção de roda dentada de ouro, e o todo sobre campo vermelho; à destra, em campo azul, conucópula de prata voltada para a ponta, derramando pepitas de ouro. No timbre, coroa mural de ouro levrado de negro, à destra, haste de milho (zae mays) frutada e a sinistra, ramos de soja (gelycine soya) granada, ambos de sua cor, em ramados em aspas sob o stel e atado de laço nacional, listel de vermelho ostentad o topônimo "Telêmaco Borba" entre as inscrições de ouro "5 de Julho de 1963", em caracteres latino moderno".
O Hino de Telêmaco Borba, que até hoje não foi oficializado, remonta também ao período da primeira legislatura municipal, na década de 60. Sua música foi feita pelo prícepe dos maestros paranaenses: Bento Mossurunga. A letra tem a autoria de Eloah Martins Quadrado, que além de ser pioneira do município, é sobrinha do maestro. Vale ressaltar a importância desse hino, já que foi a última composição de Mossurunga, antes de seu falecimento, em 1970.



 
 
HINO À TELÊMACO BORBA

LETRA: ELOAH MARTINS QUADRADO
MÚSICA: BENTO MOSSURUNGA




Das virgens matas e campos verdejantes
Servindo-se também o rio Tibagi,
Homens de ideais, espíritos vibrantes.
Constituíram as indústrias aqui. Pois a cadência de enorme e real progress
Um município mui grandioso fez nascer,
Marcando assim, verdadeiro sucesso
Faz, então o Paraná engrandecer.
Eu te amo terra querida, promissora
Cheia de louros e riquezas mil
Em teu seio existe, amor e esperança
Propiciando o progresso do Brasil.
ESTRIBILHO:
Salve! Salve! Telêmaco Borba
Terra querida e de grandes primores,
A nossa homenagem rendamos
À cidade dos trabalhadores.
Salve! Salve! Telêmaco Borba
Um município de muito valor,
És de exuberante beleza
E do papel poderoso produtor.




PONTOS TURÍSTICOS

Em Telêmaco Borba encontramos vãrios pontos turísticos como o Bonde aéreo, muito visitado por turistas, o Parque Ecológico, a Casa do artesão, Praças e Parques.
BONDE AÉREO:
 



Vamos embarcar em um passeio no "bondinho". Veja o vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=omDTGHGRvl4





PARQUE ECOLÓGICO
















PRAÇA DA CULTURA













PRAÇA DA BÍBLIA









PRAÇA CASTELO BRANCO









PARQUE DO RIO TIBAGI













PERSONAGENS

Ao Longo da história de Telêmaco Borba existiram aqui em nossa cidade muitas pessoas que marcaram a história, umas por grandes atos para a sociedade e outras pelo simples fato de existir e contribuir a cada dia com a história dessa cidade.
Infelizmente não podemos registrar histórias de muitas pessoas, mas vamos escrever algumas delas encontradas no livro " A fazenda Monte Alegre conta deu canto":




TIO LARA
 

"Quando criança, muitas vezes detemos nossa atenção para fatos que são completamente estranhos à nossa vida e ao nosso futuro, mas que talvez, de uma maneira ou de outra, vem a nos marcar e quando mais tarde, quando nos idos dos anos e nosso cabelo começa a se colorir pelo tempo, a lembrança daqueles fatos nos traz algumas da smais variadas recordações.
Eu era pequena, quando na década de 50 viemos residir em Telêmaco. Minha mae, senhora Zelir, já viúva e muit batalhadora tomou para si o cuidado de administrar uma pensão, não a única em Telêmaco, pois ainda havia a Pensão da Toca.
A apreensão para algo tão grandioso como era na época ter uma pensão deixava a todos muito empolgados diante do presente.
A pensão localizava-se onde é o Banestado. Ela era grande, enorme mesmo, aconchegante e, na minha visão de criança sonhadoa, cheia de vida. Sua cor era cinza com janelas vermelhas, havia mais ou menos 16 pensionistas. Um deles, que não sei por que, ficou para sempre presente dentro de minha memória. "sr. Cândido Laranjeira", conhecido popularmente como "Tio Lara", um homem de cor negra e de uma meiguice e carinho sem tamanho. Ele era uma pessoa excepcional. Residia em um dos quartos da pensão, mas o quarto dele era diferente de todos os outros. Tinha cortina, era muito organizado e bem limpo e o que talvez mais nos chamava a atenção era o detalhe de no teto branco estar escrito com letras azuis bem grandes "Sempre Jurema, meu amor".
E a pergunta então se fazia no ar,principalmente quando Tio Lara, nas horas de folga, com seu violão, cantava lindas canções. Na mente de criança, a fantasia tomava conta, mas nunca questionei-lhe o porquê daquelas palavras.
Passaram-se muitos anos, Tio Lara casou-se com uma moça loira muito bonita chamada Silvia e partiram..."
Hoje a pensão já não existe mais. Tio Lara perdeu-se no encanto dos dias de uma menina mas, sobretuso e contudo, aquela dedicação muda ficou como que gravada dentro de cada um de nós que um dia o conheceu.

Cleide Z. Marcondes




ANTONIO SUTIL FERREIRA - PROFISSÃO: PERFURADOS DE POÇOS
 

As crianças dos grandes centros, habitados a abrie torneiras e receber água em abundância, certamente desconhecer a existência de uma antiga profissão: perfurador de poços.
No interior, onde o precioso líquido era difícil de ser encontrado, nas pequenas cidades, nos sítios e nas fazendas, o poçoera usado para se obter água potável.
Em Monte Alegre, um dos trabalhadores mais conhecidos nesta profissão, e que perfurou mais de 500 poços, foi o sr. Antônio Sutil Ferreira, vulgo "Chiclete".
A profissão de perfurador de poços aprendeu com Liberato, o "Preto Velho".
Em dez dias perfurava um poço de 25m de profundidade.
Sempre encontrou água e um poço construído por ele jamais desmoronou, se orhulhava em dizer. Não acreditava na forquilha de peddegueiro para encontrar água, mas sim na força da lua. E é no inverno que se perfura os melhores poços.
Nasceu no município de São Borja (RS), mais precisamente em Santiago do Boqueirão, em 1911. Aos 8 anos, após um desentendimento com o padrasto - havia perdido o pai a pouco tempo -, fugiu de casa para cuidar de sua vida. Trabalhou em lavoura e conheceu alguns países, como Argentina, Uruguai e Paraguai.
Casou aos 49 anos no Barro Preto, no município vizinho de Ventania, dois anos após aqui ter chegado, com sra. Norata Félix da Silva, com quem teve oito filhos.
Além dessa profissão, aprendeu a falquejar, a fazer cercas, alambrados, fogões e lenha, carpintaria, conserto de bicicletas e máquinas de costura.
Gostava de pascarias e seu animal predileto era o cavalo. Como bo mgaúcho, gostava de um bom churrasco e não dispensava o chimarrão.
Apesar da idade avançada, 81 anos, seu gande prazer era andar de bicicleta, fazendo longos passeios, do Km 28,onde residia, até o Barro Preto ou Ventania.
Muitas vezes binha do Km 28 até a lagoa de bicicleta para trabalhar e nunca perdeu o horário de serviço.
Seu último local de trabalho foi no Departamento de Sementes e Mudas, como carpinteiro. Era amigo de todos, tinha um sorriso franco e estava sempre pronto para qualquer tarefa.
Faleceu em 19 d maio de 1993, dando sempre um lição de vida a todos que tiveram o privilégio do seu convívio.
Este foi um morador da Fazenda Monte Alegre, cuja história merece ser registrada.

Diluir Araújo Carneiro
 



A EVOLUÇÃO DA CIDADE
 




ATIVIDADE INDUSTRIAL CRESCE EM TELÊMACO BORBA

Capital latino-americana de papel e celulose, capital nacional da madeira e sexta força industrial do Paraná. estes são apenas alguns dos títulos atribuídos à cidade de Telêmaco Borba, localizada na região centro-leste do Paraná.
o município tem registrado, nos últimos anos, um expressivo crescimento econômico e hoje ocupa o 14º lugar no anking de arrecadação de ICMS do estado, gerandorecursos próximos de R$ 13 milhões, de acordo com a Receita Federal.
Com as exelentes condições de clima, de solo e utilização de técnicas de silviculturas avançadas, as florestas plantadas de Eucalipto e Pinus são a grande riqueza de Telêmaco Borba, que tem como principais produtos madeira em tora para papel, celulose e móveis.
A economia da cidade, que possui um Produto Interno Bruto (PIB) anual estimado em R$ 283 milhões, é baseada na atividade industrial, setor que responde por 85% do ICMS recolhido. O segmento gera mais de seis mil empreos diretos, o que representa cerca de 10% da população do município. O setor de serviços, por sua vez, é a segunda atividade mais expressiva, seguido pela agropecuária.
O distrito industrial de Telêmaco Borba ocupa uma área superior a 200 hectares, onde estão instaladas mais de 60 indústrias nacionais e multinacionais, de médio e grande porte, que atendem tanto ao mercado interno quanto externo.
Com o objetivo de oferecer diversos benefícios para que novas indústrias se instalem no município e, com isso, possibilitar o incremento da economia local e projeção da cidade, foi criada a Lei 784, que regulamenta o Programa de Desenvolvimento e Fomento Industrial (Prodefi).
No entanto, para que as empresas usufruam destes benefícios, os empresários precisam apresentar um documento especificando a forma de atuação e se comprometendo a gerar empregos na região. Os projetos de expansão do município possuem como orientação central o desenvolvimento sustentável, tendo como pressuposto a preservação da qualidade de vida da população e do meio-ambiente.

(Revista CCR - 2007)
No dia 25 de dezembro de 2006, foi ao ar através do "Jornal da Globo" da emissora "Globo" uma reportagem sobre o crescimento acelerado de Telêmaco Borba devido à construção de uma nova máquina da industria Klabin o que atraiu trabalhadores de muitos lugares do Brasil e até estrangeiros.
Veja a reportagem:
http://www.youtube.com/watch?v=xqIDCL3JUxM
Para que também se possa comparar a expansão da cidade é interessante observar algumas fotos no site da prefeitura municipal de Telêmaco Borba:
http://www.telemacoborba.pr.gov.br/

Créditos: Ulisses Iarochinski